(In)existente presente

Quero falar de um mundo, que já não é mais mundo,
Vem comigo, e vamos falar de homens, que não são mais humanos,
vamos falar de dor, e de quem a sente lá no fundo,
vamos falar dos sonhos, que não passaram de planos.

Não é real a juventude sem a grande força de sempre,
perdemos nossos valores em nome do presente...
As crianças mudas não tem mais futuro,
não são ensinadas a confiar no mundo.

Vamos falar de flores, caídas nos jardins,
vamos falar de valores, que foram esquecidos,
de ensinamentos, que não são bem vindos.

Às vezes o valor está no ouro que tanto preza,
mas também no amor, que não lhe interessa,
ou no olhar que ja perdeu o seu brilho
que vê tudo como ilusão, e já não tem mais coração.

Não vamos mais falar de tempos, que nunca existiram.
Chega de enganar a esperança, que clama por felicidade.
Vamos falar  do fim, e dizer que já se foi, e dizer, que já chegou.

Um alguém ninguém

-Oi
-Oi, quem?
-Alguém...
-Um ninguém?
-Mas assim não seria alguém.
-Mas ninguém não pode ser alguém?
-Quem sabe..
-Quem?
-Alguém.

Como seria ser um louco?

Como seria ser um louco?
Andar esquizofrenicamente sem se preocupar com os outros?
Viver em um mundo de impossíveis, tomando um chá no banco da clínica?


Como seria ser um louco?
Diferente de todos, igual à poucos?
Melhor que ninguém, pois vive num mundo do além...


Queria ser um louco,
para com nada me importar,
para não ter de quem gostar,
para não ter no que pensar,
com o que se preocupar...


Queria ser um louco,
ah como eu queria...
Passar o dia inteiro, só na maresia...

O bom da vida

Fazer planos é bom, para pessoas feridas,
que perdem o prazer do inesperado,
que não conseguem interpretar as curvas da vida,
e não conseguem ir além do calculado. 

Aprender a enxergar a importância das coisas boas
vai muito além de ver o que se passa e não percebemos.
É saber procurar bons valores nas pessoas,
mas geralmente nem damos valor, às boas coisas que temos.

Não adianta idealizar um mundo imaginário,
com pessoas gentis e altruístas,
onde todos têm um abastado salário,
e não têm feridas no coração.

É inútil lembrar das coisas que não se fez,
lamentando eternamente o que poderia ter sido,
tudo que és agora não foi feito de uma vez,
e é tudo consequência do que já foi sentido.

Não existe ninguém que tenha a vida perfeita,
ou que seja perfeito por completo.
Todos temos algum desejo
ou até mesmo, um vício secreto.

Mas é bom lembrar, que nada está perdido,
é sendo assim que conseguimos compartilhar
nossos desejos, feridas, e medos
sem receio de ser singular.

O bom da vida é esquecer qualquer plano,
já que erramos constantemente,
vamos viver, exaltando o humano
impuro, cego, feliz, incoerente.

Assim sigo feliz, mesmo não alcançando a perfeição,
talvez seja só um bom dia, com uma boa razão,
talvez seja um delírio de uma imperfeita visão
ou um simples momento de felicidade e exaltação.

Nada me faz sentir tão satisfeita, 
sendo assim não preciso de mais nada,
enquanto aproveito a vida que, apesar de ter um fim, 
é louca, imprevisível e bem humorada.

Lua cheia

Lua cheia,

cheia de seus mistérios, 

de seus mitos,

de suas vidas,

em que o homem insiste em tirar a poesia.

Lua cheia, 

ar de maresia,

cor de fantasia,

clarão de agonia.

Lua cheia, Lua cheia,

me ajude a ver o que antes não pretendia,

me leve à loucura que eu antes não conhecia,

pise em meu corpo,

quem sabe assim, não sinto o como me sentia antes, quando existia.

Isto é, se existia.

Fênix

Alma triste, que só a triste decadência lhe inunda como um rio de peixes mortos,
que já não nadam mais por não haver água...


Tristes olhos, que não olham mais por não enxergar a vida, 
onde só a triste escuridão lhe consumiu a visão,
onde, em chamas, esse coração que queima e transforma em cinzas essa plumagem que já não me acolhe do frio,
que me congela em solidão.


Grande explosão de fogo e chamas que queima essa solidão,
que quero em eterno passado de cinzas transformar,
de dentro das cinzas vejo belas plumagens, novos olhos,
uma renovação de vida que renasce das cinzas,
uma bela fênix, surgindo de uma explosão de chamas,
para uma vida... Repleta do novo.

Resumidamente, sem vida.

O mundo, abre as portas pra você, porém, é mesquinho e cruel,

cai em cima de seus defeitos... E você...? Perde o chão, e, junto ao mesmo, o céu.

O mundo quer que sejamos iguais, 

somente para que não exista aqueles que querem mais,

pensam mais,

que estragam seus crimes, 

e quebram o silêncio do povo que chamam de "paz".

O mundo quer isso, mas só para ele e ninguém mais.

Mas será que realmente deveríamos dizer que é o mundo que quer o silêncio de nós, meros mortais?

Por isso eu digo, não seja como os demais,

quem é igual não vive, não respira, não pensa, nem cria.

É, resumidamente, sem vida.

Folhas amarelas

Ah, folhas amarelas... 

De uma árvore que antes refletia o verde esmeralda,

que foi consumida pelo calor e ardência de um Sol,

que, dia após dia, lhe consumia,

tanto vida, quanto beleza, 

deixando-a sem tinta, completando seu destino,

dentro de um ciclo de vida divino.

Será que alguma imprudência cometeste? 

Para que lhe fosse tirado o esmeralda tão verde?

E agora, o triste amarelo da árvore me consome a visão,

a cor, que reflete a decadência de tua destruição.

Ignorado pela amada

Talvez esse seja meu destino,

entre as pernas desta mulher, 

nunca passando de seus pés,

sempre como um piso aparentemente insignificante.

Talvez ela não perceba,

mas eu, a amo com certeza,

e sempre quando lembro dela,

não consigo esquecer de sua beleza.

Um olhar,

um beijo,

um falar.

É o que quero,

para que eu possa continuar,

para que eu possa, respirar.