terça-feira, 26 de abril de 2011

Desistência


Aqui vive a senhora tristeza,
deitada no divã da ilusão,
bebendo uma garrafa de vinho.

Olhando pro nada, além da escuridão.
Lamentando os erros de uma vida em vão.
Chorando, e se descabelando, esparramada no chão.

Já desistiu de tentar,
desistiu de se preocupar,
desistiu de sua existência, de seu ser.
Já desistiu... de viver.

sábado, 16 de abril de 2011

Quem sabe?



Talvez, quem sabe?
Como é ser alguém,
como é ter alguém,
para amar, abraçar, conversar.
Talvez tenha alguém.

Quem sabe?
Como é ser ninguém?
Como é o além?

Quem sabe?
Chorar de felicidade?
O efeito das drogas na ingênua mocidade?
Quem sabe?
Como é se afogar na multidão, que não tem piedade, nem compaixão?

Quem sabe?
Eu sei.
Eu sei que nada sou, além de rabiscos num caderno de um sonho mal sucedido,
e que há muito já foi completamente esquecido.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mortes diárias


Novamente, no fundo do poço,
De novo, com a água no pescoço.
Mais uma vez me pergunto se dessa vez tenho saída,
uma viagem só de ida,
uma, e única partida,
pra bem longe daqui,
pra um lugar onde há muito não vi, esqueci.


Peço aos ventos que soprem embora minha dor, meu rancor.
E que se puder, me leve junto,
pro final do mundo,
para um buraco sem fundo.
E que não tenha ninguém lá,
só eu, à minha hora, esperar.


Peço às águas que meu corpo lave,
que meus pensamentos enxague,
que minhas memórias apague,
e que junto me leve,
para sempre me carregue,
entre os rios e mares.
Com uma morte, que mesmo lenta, breve.


Peço aos céus que sobre mim caia.
Choro para a terra, que debaixo de mim abra.


Eu só quero sumir. De novo.
De novo me vejo com esse sentimento, com esse tormento.
De novo me encontro, lentamente, por dentro, morrendo.
De novo, na minha mente, já morri.
E de novo, penso nisso, à sorrir.