segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mortes diárias


Novamente, no fundo do poço,
De novo, com a água no pescoço.
Mais uma vez me pergunto se dessa vez tenho saída,
uma viagem só de ida,
uma, e única partida,
pra bem longe daqui,
pra um lugar onde há muito não vi, esqueci.


Peço aos ventos que soprem embora minha dor, meu rancor.
E que se puder, me leve junto,
pro final do mundo,
para um buraco sem fundo.
E que não tenha ninguém lá,
só eu, à minha hora, esperar.


Peço às águas que meu corpo lave,
que meus pensamentos enxague,
que minhas memórias apague,
e que junto me leve,
para sempre me carregue,
entre os rios e mares.
Com uma morte, que mesmo lenta, breve.


Peço aos céus que sobre mim caia.
Choro para a terra, que debaixo de mim abra.


Eu só quero sumir. De novo.
De novo me vejo com esse sentimento, com esse tormento.
De novo me encontro, lentamente, por dentro, morrendo.
De novo, na minha mente, já morri.
E de novo, penso nisso, à sorrir.

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