terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Subsolo do Brasil


Lágrimas, revoluções, tiro, discussões, morte, decepções;
este é meu mundo, realidade dói e vai rasgando corações.
Normal é imaginação e ideias a mil,
mas minha infância foi na mais bela favela do grande Brasil.
Religião, falsa esperança, cega confiança,
mas o que posso dizer?
Passei dos 16, tenho só que agradecer,
não tenho o quê comer, mas do que adianta ter?
Se amanhã já nem sei se ainda vou viver.


Cabeça erguida, vivo sempre o presente,
sem olhar para o passado,
pois onde eu moro quem pensa muito tá ferrado.
Não olho pro futuro,
pois o que vejo é só um furo. Um buraco.
Pois se eu viver já vou tá no fundo do poço,
pro Brasil é um desgosto,
mas vai morar num lugar onde na rua ninguém mostra o rosto.


Todos falam como se soubesse,
como é morar num lugar onde junto com a noite, o medo também desce.
E continua, pela madrugada,
mãe chorando por ter uma filha drogada;
chacina, muitos tiros e a rua pelos corpos foi tomada.
 É, pode crer,
mesmo você, que se diz cabeça firme, que não pode ser influenciado,
se tivesse aqui se vendia pra comprar do nosso baseado.


É, infelizmente esse aqui é meu lugar,
só quando morrer que vou poder respirar, descansar.
E finalmente poder sonhar,
pois nesse mundo de "realidade",
ninguém olha pro lado,
muito menos pro meu subsolo de verdade.

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